O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta‑feira, 18 de junho, aumentar a taxa básica de juros de 14,50% para 15% ao ano. Esse é o maior nível desde julho de 2006, quando a Selic também superava 15%. A votação foi unânime entre o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, e os oito diretores.
Segundo matéria publicada pelo portal G1 (2025), a autoridade monetária justificou o ajuste citando o ambiente externo adverso: incertezas na economia dos Estados Unidos, volatilidade nos mercados globais e aumento da tensão geopolítica. Para o Copom, esses fatores exigem cautela especial de países emergentes como o Brasil.
Por que a Selic voltou a subir?
A Selic é usada pelo Banco Central para controlar a inflação. Quando os preços aceleram além da meta oficial, o BC costuma subir os juros para conter o consumo, desestimular o crédito e, assim, segurar a pressão inflacionária. O índice oficial (IPCA) tem mostrado sinais de resistência em itens como combustíveis e alimentos, o que preocupa a autarquia.
O Copom avaliou que, apesar de alguns indicadores recentes mostrarem desaceleração, a incerteza vinda do cenário internacional ainda prevalece. Nos Estados Unidos, por exemplo, há dúvidas sobre os rumos da política fiscal e comercial, o que pode refletir em saídas de capital de mercados emergentes. Junto a isso, conflitos geopolíticos elevam o preço de commodities e afetam os custos de produção.
Pode haver pausa na próxima reunião
Apesar da alta para 15%, o documento divulgado após a reunião traz um tom mais suave. O Banco Central afirmou que, “caso o cenário se confirme”, pretende interromper o ciclo de aperto monetário já na próxima decisão, para avaliar os efeitos dos aumentos realizados desde setembro do ano passado. O Copom enfatizou, no entanto, que continuará vigilante e não hesitará em retomar o ajuste se julgar necessário.
Impacto direto no bolso do consumidor
- Crédito mais caro – Financiamentos imobiliários, empréstimos pessoais, rotativo do cartão de crédito e cheque especial tendem a ficar ainda mais caros. Bancos e financeiras repassam o custo maior da Selic para suas taxas.
- Rendimentos maiores na renda fixa – Aplicações atreladas ao CDI, como CDBs e fundos DI, ganham atratividade. Tesouro Selic também passa a render mais.
- Consumo em desaceleração – Com prestações mais altas, as famílias repensam gastos e postergam compras, o que pode esfriar a atividade econômica.
Reflexos para investidores
- Tesouro Direto: títulos pós‑fixados seguem interessantes; prefixados exigem cautela porque o ciclo de alta pode não ter terminado.
- Fundos Imobiliários (FIIs): podem sofrer no curto prazo, pois a taxa livre de risco sobe, tornando alguns fundos menos atrativos.
- Bolsa de Valores: juros elevados pressionam o custo de capital das empresas, mas setores exportadores podem se beneficiar de um câmbio mais forte se houver fuga de dólares.
Selic em 15% é suficiente?
Analistas já discutem se 15% ao ano é o patamar capaz de ancorar as expectativas de inflação. Uma parte do mercado acreditava que o BC poderia parar na reunião atual; outra parte previa exatamente um último ajuste. Agora, o foco recai sobre a evolução da inflação nos próximos meses e sobre os sinais vindos do Federal Reserve, banco central norte‑americano.
O que observar daqui para frente
- Próxima reunião do Copom: será decisiva para confirmar ou rever a pausa.
- Inflação de serviços: indicador importante para medir a demanda interna.
- Dados de emprego nos EUA: fortes variações podem mexer com o fluxo de capital global.
- Cenário fiscal brasileiro: eventuais mudanças em metas de déficit podem alterar expectativas.
Com a Selic em 15%, o Brasil atinge o maior nível de juros em quase duas décadas. A decisão reforça o compromisso do Banco Central em combater a inflação, mas também indica possibilidade de pausa se o cenário externo permitir. Para consumidores e investidores, o recado é claro: o custo do crédito sobe, porém oportunidades de ganho em renda fixa aumentam. Montar uma carteira equilibrada, diversificando entre renda fixa, inflação e variáveis continuará sendo o melhor antídoto contra a incerteza.
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